julho 06, 2009

Enquanto a chuva cai:


A chuva cai. O ar fica mole...
Indistinto...ambarino...gris...
E no monótono matiz
Da névoa enovelada bole
A folhagem como a bailar.

Torvelinhai, torrentes do ar!

Cantai, ó bátega chorosa,
As velhas árias funerais.
Minh'alma sofre e sonha e goza
À cantilena dos beirais.

Meu coração está sedento
De tão tardio pelo pranto.
Dai um brando acompanhamento
À canção do meu desencanto.

Volúpia dos abandonados...
Dos sós... - ouvir a água escorrer,
Lavando o tédio dos telhados
Que se sentem envelhecer...

Ó caro ruído embalador,
terno como a canção das amas!
Canta as baladas que mais amas,
Para embalar a minha dor!

A chuva cai. A chuva aumenta.
Cai, benfazeja, a bom cair!
Contenta as árvores! Contenta
As sementes que vão abrir!

Eu te bendigo, água que inundas!
Ó água amiga das raízes,
Que na nudez das terras fundas
Às vezes são tão infelizes!

E eu te amo! quer quando fustigas
Ao sopro mau dos vendavais
As grandes árvores antigas,
Quer quando mansamente cais.

É que na tua voz selvagem,
Voz de cortante, álgida mágoa,
Aprendi na cidade a ouvir
Como um eco que vem na aragem
A estrugir, rugir e mugir,
O lamento das quedas-d'água!

desenho di Bia


2 comentários:

  1. oieee

    saudadonas de você, biaaaa!

    estou na correria, quase sem tempo para andar pelo mundo dos blogs. mas aqui venho seempre pq é certeza de que coisas boas encontrarei.

    adorei seu novo blog!

    um beijão,

    bia ;)

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  2. bjos, Biaaa...bjos!
    Eu é que estou morrendo de sentir saudades.
    Obrigada, linda!

    bjos, venha sempre!

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Uma (in) sensatez paralela.