
"(...)Sendo eu de origem africana, nunca tive dificuldade de entender o jazz, sua sensibilidade, sua expressividade blue. Mas, tive dificuldade em ser aceito pela bossa nova. E por isso, sempre tive com ela uma ligação ambivalente, admiração e afastamento. Como uma criação da zona sul do Rio, branca e estilizada, manteve em seus grupos apenas a presença de uma bateria quase estilizada, excluindo ritmos e artistas negros de suas formações. Os instrumentos percussivos, referência ao samba, perderam a vez. Nada de pandeiros, tambores, ganzás... nada que lembrasse a mãe África. Nem mesmo pela cor de seus instrumentistas de sopro, como eu.
Por isso tem um doce sabor de ironia a minha paixão por Gershwin e Jobim. Tão branquinhos, e tão amarrados no sabor negro (...)".
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Texto extraído do original: "Por que imaginei um encontro entre Gershwin e Jobim?"
Paulo Moura - Programa do SESC São Paulo
06/1998
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Uma (in) sensatez paralela.